
A prisão preventiva do ex-presidente Jair Bolsonaro, realizada neste sábado (22) por decisão do ministro Alexandre de Moraes, motivou manifestações de integrantes do governo federal. A ministra-chefe da Secretaria de Relações Institucionais, Gleisi Hoffman, afirmou que a medida segue rigorosamente os ritos do devido processo legal conduzido pelo Supremo Tribunal Federal e pela Procuradoria-Geral da República no âmbito da ação penal sobre a tentativa de golpe de Estado.
Segundo Hoffman, a decisão se baseia em riscos concretos de fuga diante da iminência do trânsito em julgado da condenação de Bolsonaro. Ela destacou também o histórico de episódios considerados como tentativas de coação ao Judiciário, citando o tarifaço e sanções da Magnitsky como exemplos.
O ministro Guilherme Boulos, da Secretaria-Geral da Presidência, reforçou que nenhuma autoridade está acima das instituições democráticas. Para ele, a prisão deve ser entendida como um marco contra investidas autoritárias. Boulos já havia declarado, na véspera, que aliados de Bolsonaro fugiram do país para evitar prisão, mencionando Carla Zambelli, Eduardo Bolsonaro e Alexandre Ramagem.
A prisão ocorreu após convocação de uma vigília nas proximidades da residência onde Bolsonaro cumpria prisão domiciliar. Moraes avaliou que o ato poderia gerar tumulto e favoreceria eventual tentativa de fuga. O ministro também registrou uma tentativa de violação da tornozeleira eletrônica durante a madrugada.
A audiência de custódia está marcada para este domingo (23). A defesa do ex-presidente informou que vai recorrer da decisão. Bolsonaro foi condenado a 27 anos e 3 meses de prisão no processo do Núcleo 1 da trama golpista e pode ter a pena executada nas próximas semanas. Ele estava em prisão domiciliar desde 4 de agosto por descumprimento de medidas cautelares, incluindo proibição de uso de redes sociais e contato com autoridades estrangeiras.